No Ritual do Útero e nas terapias holísticas acredita-se que o útero funciona como um reservatório de energia criativa, é um grande centro de poder da energia da Mulher. No entanto é também sensível às energias/ emoções mais densas.
Segundo a tradição do Yoga e a anatomia energética dos Chakras é onde se localiza o segundo Chakra principal – Swadhisthana ou sacro. O próprio nome do Chakra em português aponta a carga de sacralização desta zona. O seu elemento é a água e está associado às emoções e à fluidez. A cor é a laranja. Está relacionado com as glândulas endócrinas sexuais e é também um centro de prazer. Quando tem pouca energia as pessoas podem tender a alguma apatia e insegurança. Podem sentir vergonha relativamente ao sexo, ao prazer ou até mesmo uma certa aversão. O fator principal que bloqueia este Chakra é a culpa. Bloqueado, este Chakra causa vergonha, culpa e pode conduzir a vícios. Este Chakra é um dos principais centros de força do campo energético.
Com energia a mais pode dar origem a comportamentos demasiadamente libidinosos, prematuros ou devassos realizando atividades em excesso, agindo de maneira demasiadamente impulsiva. A má energização do Swadhisthana Chakra pode dar origem a cálculos renais, cistites, e disfunções do aparelho urinário. Os seus distúrbios estão ligados aos estados patológicos do tônus simpático e parassimpático, da tonicidade muscular e das funções vegetativas hormonais ou imunológicas. TPM, vaginites, pólipos, tumores e cistos uterinos, assim como a queda imunológica compõe o quadro de desequilíbrio. Por isso é tão importante trabalhar e não descurar a energia deste Chakra.
Sendo a Água o elemento que caracteriza o Swadhisthana Chakra, a água, cuja particularidade no seu estado líquido é a fluidez e portanto, de difícil controlo, assim podem ser as energias neste Chakra. Porém, a água no seu estado sólido é rígida, bloqueando estados vibracionais. Quando nos permitimos perceber estes bloqueios, tomamos consciência do tipo de pensamentos e emoções que resultam dos mesmos, sendo fundamental para a sua transformação em energia vibracional, a atenção plena na gestão dos pensamentos, das emoções e atitudes para estados de sentido positivo.
As atitudes de cura são usufruir, aceitar, digerir as emoções, permitimo-nos acender as paixões da nossa vida. Por isso dar azo à criatividade. Ter presença a fluidez da vida e dançar!
Outra forma importante de desenvolvermos autoconhecimento e lidarmos com as nossas emoções consiste em ter presente a influência daquilo que é herdado, as emoções, a forma de reagir às situações. É importante debruçarmo-nos sobre isto mas termos também a capacidade de soltar. A nossa felicidade depende sempre das nossas escolhas e parte dessas escolhas dizem respeito à perspetiva que assumimos sobre as situações, sobre os desafios da nossa vida. Mas não esquecer da nossa responsabilização: seja qual for a nossa herança genética, emocional, em última análise a escolha é sempre nossa.
No nosso inconsciente carregamos alguns programas herdados das nossas avós maternas. Isto porquê? Quando a nossa avó estava grávida da nossa mãe o feto que se formava já tinha dentro de si os óvulos de onde iriamos mais tarde nascer. Um deles desenvolveu-se e deu origem ao ser que está hoje a escrever e àquele que está a ler estas palavras.
Esse óvulo pequeno que estava nos ovários da nossa mãe e dentro do ventre da nossa avó recebeu todos os impactos emocionais que essa senhora viveu. Tanto as nossas mães como nós estivemos sujeitos a toda a variedade de experiências traumáticas ou não que as nossas avós experimentaram.
Este é o resumo do processo de transmissão de informação geneticamente e energeticamente. Estes impactos emocionais dizem respeito ao contexto no qual viviam as nossas avós no momento da sua gravidez por exemplo se foi uma gravidez desejada, se teve apoio, se se sentia segura e amada, se era feliz, quais eram os seus recursos financeiros, quais as condições de saúde,… É importante referir que a experiência em si não é o que tem carga emocional ou energética, mas sim, o modo como a nossa avó lidava com a situação, a perspetiva que tinha em relação ao que vivia. É assim porque este registo fica guardado ao nível do inconsciente e o inconsciente não consegue distinguir o que é real do que é imaginado. (E é por isso que se consegue trabalhar estas situações em hipnoterapia reprogramando a visão do subconsciente).
Que necessidades biológicas não estavam cobertas pela avó no sentido de sobrevivência, proteção, valorização pessoal e de relacionamentos interpessoais? Todas estas informações e muitas outras ficam gravadas como memória celular. E é por isso que uma das frases que dizemos no fim do Ritual do Útero é
«Curamos o nosso Útero, curamos os úteros das nossas mães, irmãs e filhas. E dessa forma oferecemos a cura à Mãe Terra.»
Damos atenção à carga herdada das mulheres porque os óvulos permanecem os mesmos toda a vida e porque os óvulos carregam o DNA mitocondrial. Os espermatozoides renovam-se diariamente.
Assim, quando falamos de ancestralidade nestas práticas vamos sempre dar atenção à linhagem de mulheres que nos antecedeu, e o que fazemos, escolhemos, o modo como reagimos vai ter influência na linhagem que nos irá proceder. Assim ao curarmo-nos a nós estamos a espalhar cura pela história.
Ana Loureiro
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